Clínica Veterinária de Santa Luzia
10/02/2021
Cachorros orfãos e os seus cuidados: entenda aqui.
Podemos considerar um cachorro órfão quando privado da sua mãe ou uma mãe adotiva, seja por morte, abandono, alguma doença ou, mesmo, a incapacidade de produzir leite. Torna-se fundamental um conjunto de cuidados, nutricionais, fisiológicos e ambientais para poderem sobreviver e não correrem o risco de hipotermia, causa frequente de morte.
O QUE DEVO FAZER SE ENCONTRAR OU TIVER UM CACHORRO ORFÃO?
Um cachorro órfão não necessita apenas de uma suplementação alimentar, como a alimentação artificial, para sobreviver, mas sim calor, proteção, higiene, medidas educativas e de socialização, além de outros estímulos sensoriais. Sendo assim, durante o período neonatal, ou seja, durante as duas primeiras semanas de vida, estão completamente dependentes de um cuidador, seja a própria mãe, ou neste caso, um tutor.
E COMO OS DEVO ALIMENTAR BEM?
Nos cachorros neonatos órfãos, é importante um controlo de peso rígido, porque é a forma de detetar alterações de crescimento, de uma satisfação das suas necessidades nutricionais e/ou da correta metabolização dos nutrientes. A pesagem deve ser feita imediatamente após o nascimento, após 12h e diariamente até ao final das 2 semanas de vida. Seguidamente, deve intervalar-se de 3 dias em 3 dias até atingirem 1 mês de vida.
O peso corporal ao nascimento varia de acordo com a raça e tamanho da ninhada, mas, de uma forma geral, os cães de pequeno porte pesam entre 100-200g, os de médio porte entre 200-300g e os de grande porte entre os 400-500g. A partir do 1º dia, o ganho de peso diário deve ser entre 5 a 10% do peso ao nascimento, de forma a que aos 15 dias de vida o cachorro pese o dobro do peso ao nascimento.
Quanto ao leite de substituição, existem diferentes fórmulas caseiras, mas o ideal é optar por uma dieta comercial específica, mais equilibrada e que permite assegurar todos os nutrientes que o leite materno oferece. E, para alem disso, não correm o risco de sofrer de alterações digestivas, como diarreias.
A partir das 3 semanas já podem ingerir alimentos sólidos e água, mas é importante ir introduzindo lentamente o alimento sólido, diminuindo a quantidade de leite e oferecendo a ração seca.
COMO CONTROLO A TEMPERATURA PARA EVITAR HIPOTERMIA?
Os cachorros não conseguem regular eficazmente a sua própria temperatura e, por isso, é fundamental controlar a temperatura ambiente. Durante a 1ª semana de vida, a temperatura deve rondar os 30-32º, com a temperatura retal entre 35-36º e na 2ª e 3ª semana de vida, cerca dos 36-38ºC.
Para o manter aquecido, utilize uma botija de água quente enrolada num pano ou uma caixa com uma lâmpada, mas é necessária atenção para a lâmpada não estar muito afastada (o que não aquece) nem muito próxima, pois pode queimar.
E TEMOS QUE ESTIMULAR O DESENVOLVIMENTO FISIOLÓGICO – COMO A MICÇÃO OU DEFECAÇÃO?
Sim, a micção e a defecação devem ser estimuladas após a refeição. Ora, e houvesse a presença da mãe, esta lamberia a zona genital e anal do cachorro, mas dado que não está presente, teremos de ser nós a fazê-lo, por exemplo, friccionando levemente, por exemplo com um pedaço de algodão húmido. A partir das 3 semanas de vida, já começam a defecar e urinar sozinhos e essa estimulação já não é necessária.
E QUANDO DE TORNAM INDEPENDENTES?
A partir das 3 semanas de vida, os cachorros já começam a realizar algumas atividades sozinhos. Todavia, a partir desta idade é necessário socializar com outras pessoas e animais, de forma a desenvolver as suas componentes físicas e psíquicas. Pretende-se nesta socialização, estimular o comportamento exploratório, promover estímulos sonoros, luminosos e táteis, para uma melhor adaptação ao meio exterior, como os parques e o movimento da cidade, para o preparar mundo exterior. Será bom notar que as brincadeiras e a socialização com outros cachorros são a melhor forma de desenvolverem as suas capacidades e evitar medos em adulto.